Dólar fecha em R$ 5,91, maior valor nominal da história, em reação a aumento da isenção de IR
Nacional
Publicado em 27/11/2024

O dólar disparou 1,81% nesta quarta-feira (27) e fechou cotado a R$ 5,913, o maior valor nominal da história. O recorde anterior era de R$ 5,905, atingido em 13 de maio de 2020, no estouro da pandemia de Covid-19.

A máxima nominal histórica desconsidera a inflação do cálculo.

O movimento no câmbio foi em reação à notícia de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai fazer um pronunciamento em cadeia nacional para anunciar a elevação da faixa de isenção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) para R$ 5.000.

Na transmissão, prevista para ir ao ar às 20h30, Haddad também deve explicar o pacote de corte de gastos que vem sendo costurado pela Fazenda nas últimas semanas.

A notícia, veiculada às 13h45, fez efeito imediato no dólar. Então cotada a R$ 5,83, com o mercado à espera das medidas fiscais, a moeda norte-americana foi a R$ 5,90 em poucos minutos. Na máxima da sessão, às 15h50, chegou a R$ 5,929.

Já a Bolsa, em pregão estendido por causa do horário de verão dos Estados Unidos, despencava 1,44% às 17h, aos 128.042 pontos.

O aumento da faixa de isenção, confirmado pela Folha, é defendido por integrantes do governo como contraponto político a medidas do pacote que atingirão benefícios sociais.

Interlocutores da equipe econômica apostam na medida como uma maneira de aplacar o impacto negativo do pacote sobre quem recebe o salário mínimo.

A espera pelo pacote fiscal completa um mês nesta semana. Prometidas para depois das eleições municipais, que acabaram em 27 de outubro, as medidas —e a expectativa prolongada— têm pautado os ânimos dos investidores.

A faixa de isenção hoje é de dois salários mínimos (R$ 2.824). No PLOA (Projeto de Lei Orçamentária) de 2024, não há previsão nem mesmo de reajustar a faixa de isenção com o aumento do salário mínimo já previsto.

A correção da tabela é uma promessa de campanha de Lula, que cobra a medida de Haddad desde o início do governo.

Após a Folha revelar que o governo estudava a criação de imposto mínimo para a taxação de milionários a fim de financiar a correção da tabela, e Lula confirmar essa intenção, a reação do mercado foi negativa, pela perda da arrecadação projetada.

Em entrevista coletiva em Brasília sobre os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, confirmou que o pacote inclui a isenção do imposto de renda para até R$ 5.000 e a taxação de super-ricos.

(Imagem/Reprodução: Ruvic/Reuters | Folha de São Paulo)

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