Justiça condena torcedor do Flamengo a 14 anos de prisão pela morte da palmeirense Gabriella Anelli
Jonathan Messias Santos da Silva foi considerado culpado pela morte; defesa vai recorrer
Por Administrador
Publicado em 20/05/2025 17:17
Esportes
Jonathan Messias Santos da Silva foi condenado nesta terça-feira a 14 anos de prisão (em regime fechado) pela morte de Gabriella Anelli, em julho de 2023, antes de um jogo entre Palmeiras e Flamengo, na Rua Antônio Padre Tomás, ao lado do Allianz Parque, na Zona Oeste de São Paulo. A decisão é da juíza Isadora Botti Beraldo Moro. A defesa vai recorrer.
 
Jonathan Messias, torcedor do Flamengo, estava preso preventivamente desde agosto daquele ano. Condenação foi por maioria de votos dos sete jurados.
 
De acordo com a perícia e as investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Gabriella Anelli, torcedora do Palmeiras, foi atingida no pescoço por estilhaços da garrafa atirada por Jonathan Messias.
 
A vítima foi socorrida, levada ao Hospital Santa Casa, no Centro de São Paulo, mas sofreu duas paradas cardíacas e morreu em 10 de julho, dois dias depois do jogo.
 
A defesa sustentou que não havia testemunha, fato ou imagem no processo que apontasse Jonathan como o responsável por atirar a garrafa que matou a palmeirense.
 
Em depoimento durante julgamento, Jonathan Messias chorou em alguns momentos, admitiu ter jogado uma garrafa que se espatifou no portão, mas disse não saber se foi dessa garrafa que partiram os estilhaços que mataram Gabriella Anelli.
 
Ele afirmou que, por ser diretor adjunto de escola, a rotina dele é apaziguar conflitos. E que estava próximo ao portão que separava as torcidas para conter alguns flamenguistas que discutiam com palmeirenses, enquanto objetos eram atirados dos dois lados. Disse que perdeu a razão quando foi atingido por uma garrafa no peito. Foi neste momento que atirou a garrafa.
 
Depois do depoimento, Jonathan se retirou do plenário. Na sequência, durante a explanação da promotoria, foi apresentada ao júri uma imagem do ferimento no pescoço de Gabriella. Os pais, o avô e a avó materna da vítima passaram mal e deixaram a sala para serem atendidos.
 
Na segunda-feira, oito testemunhas - quatro de acusação e quatro de defesa - já haviam sido ouvidas pelas partes, pela juíza Isadora Botti Beraldo Moro e pelo júri.
 
Família da vítima
 
Os pais de Gabriella Anelli passaram a morar em Curitiba no fim do ano passado, com o filho, a nora e os dois netos. Viajaram a São Paulo na semana passada para acompanhar o julgamento.
 
A família é toda palmeirense. Eles contam que pela primeira vez os três estavam indo ao estádio juntos.
 
– Ela foi antes com o namorado, que era da TUP. Ela não era de nenhuma torcida organizada, mas conhecia quase todo mundo, se dava bem com todos – disse a mãe Dilcilene Prado Anelli.
 
– Eu estacionei a moto no posto de gasolina perto do estádio e mandei mensagem pra ela. Ela respondeu que estava indo ajudar o pessoal a carregar o material da torcida. Marcamos de nos encontrar mais tarde, mas começou a demorar muito e nada de ela chegar – disse o pai, Ettore Marchiano Neto.
 
O jogo começou, o sinal do celular sumiu e os pais não conseguiram encontrar a filha no estádio. E só ficaram sabendo depois da partida que Gabriella estava no hospital, ferida por estilhaços de uma garrafa.
 
Quase dois anos depois da tragédia, os dois afirmam que estão fazendo tratamento psiquiátrico contra depressão. Têm crises constantes de pânico e ansiedade.
 
– Não sei o que vai ser da gente. A gente não tem mais vontade de viver. No ano passado, eu tentei autoextermínio, fiquei uma semana internada, e pensava “minha filha lutou tanto pra viver, eu não posso tirar minha vida”. Mas não existe cura pra uma dor dessa, só vai passar quando a gente se for – afirmou a mãe Dilcilene.
 
– A gente quer que seja feita Justiça, pra que não aconteça mais com nenhum pai nenhuma mãe. Você não pode ir pra um lugar pra se divertir e enterrar a filha dois dias depois.
 
– Não se paga sangue com sangue, eu sei. Eu particularmente não quero saber dele (do réu) nem da família dele. Sentimento por ele é nada, nulo, zero, só quero que ele pague pelo crime que ele cometeu. A vida da família dele também está revirada, mas ele está vivo, né. A minha filha não – disse Ettore.
 
(Imagem/Reprodução: ge)
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